NEIDE Sá - PROBLEMáTICA DAS DIREçõES DE LEITURA
Álvaro de Sá[1969]


A) permutações (o próprio código): flexibilidade estatística.

|  |  |  | : fértil, amor, terra

_  _  _  _ : bomba, medo, morte

/  /  /  / : homem, ódio, pó

: màquina, profundo, túmulo

  Uma seqüência vertical: terra
duas: terra + fértil
três: terra + fértil + amor
•    Estas seqüências podem ser interrompidas na altura X, em 10% de linhas inclinadas para a direita (máquina) e que, por sua vez, podem ser estendidas, em outras alturas em 20% (contôrno do objeto registrado).

É como se o poeta sem usar de recursos discursivos dissesse que uma máquina está à frente da terra 10% de sua área, etc.

•    Razão do código: se o poeta quisesse ligar parte da palavra bomba, a uma outra parte da palavra máquina, formaria uma terceira (bomáqui) sem sentido ao passo que a fusão de inclinados com horizontais mostram claramente a intenção do poeta.
A autora procura romper com os limites da condição semântica da palavra.

B)    desencadeamento de superposições: (quadrados negros).
C)    leitura pela aproximação dos cantos do código.
D)    código projetado sobre a figuração do suporte: entre choques e direções.
E)    a própria estrutura espiral do poema vai dirigindo a mudança angular da leitura. O código tem um sentido de ponteiro enquanto a estrutura tem a função de nível. Assim em cada ângulo que o poema for virado oferece uma nova leitura. Deve-se notar também que o “paralelo da escritura” na espiral tem um sentido de oposição nas direções.
F)    ligações de áreas codificadas.
G)    superposições de reticulas terminando pela expressão de volume: área negra (desaparecimento das retículas) : a expressão do volume.
H)    registro do atrito angular do gráfico.
I)    duas linhas cruzadas (foco: o positivo) se movimentam verticalmente em dois sentidos ate sua superposição total que resulta num signo inverso (margem: o negativo).
J)    massas estéticas: valor da áreas (volume).
    barras: expressão das terminais.
K)    signo feminino e masculino sem o suporte do círculo levado a simplificação de um ideograma (figura humana).

3 – Neide Sá – Problemática das direções de leitura.
In: Processo 1. Rio de Janeiro, 1968.