O site Poema Processo visa divulgar o movimento de mesmo nome, ocorrido na poesia de vanguarda brasileira, inaugurado, formalmente, em dezembro de 1967 e encerrado com o Manifesto de Parada Tática em 1972.

Liderado pelos poetas Álvaro de Sá, Neide Sá, Moacy Cirne e Wlademir Dias-Pino, o movimento pretendia-se inovador ao propor um desmonte nas formas estabelecidas de criação de um poema. Aderiram ao grupo poetas de todo o país e publicou-se de maneira mais expressiva nos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte.
Essa corrente faz uma dissociação do que vem a ser POESIA de um lado e, de outro, o POEMA. Conceitua POESIA como um gesto ligado à língua e próprio dos poetas enquanto operadores criativos. Já o POEMA será tratado como um objeto de consumo que será resolvido, apropriado ou interferido pelo receptor da informação que assumirá, no momento de vivência, a responsabilidade pelo surgimento de uma nova informação. O POEMA possibilita experimentar as muitas formas de linguagens. Sob essa ótica, distancia-se da linguagem como fenômeno lingüístico para construir percursos visuais no qual cada elemento proposto assume condição de ser, independente do seu estado geral de subjetividade, ganhando movimentos, ora orgânico, ora tácito, criando uma arquitetura processual de formação de linguagens icônicas, para além do símbolo e da simbologia clássica propostas em sua leitura. O visual se estabelece como uma linguagem integral e internacional.
Sem se preocupar com o estado poético, declara que todos os dados estão contidos no poema, que nada externo a isso concorrerá para interferir ou abalar a informação. Essa mudança de eixo relacional instaura o norte do movimento e passa a tratar, como processo, das relações de devir ocorridas nas estruturas dadas, individualizando seus componentes ou aceitando a sobre-criação de um novo produto através da manipulação criativa do consumidor/leitor.
Para construção desse objeto/poema criou-se uma teoria/guia que descreve os caminhos trilhados pelos criadores na busca de uma identidade criativa e da formação do que se construiria como diferencial em relação às outras vanguardas. Forma-se um mapa de leituras, cria-se a hipertextualidade desse código, desdobram-se os signos lingüísticos e visuais, busca-se em discurso e em representação gráficas a resignificação das coisas do mundo que se desdobrará em possibilidades de realidade identitária. Isso ocorre pela despersonificação do poeta em favor da cadeia criativa tanto de consumo como instauradora de novos versos desse objeto/poema que a cada manipulação pelo leitor/emissor ganhará o status de novo dentro da criação.
Os diversos níveis de operações e interferências refuncionalizam o dado objeto que, no momento em que é manipulado, passa a ser outro e distancia-se do seu credor criativo: o poeta.
Isso se torna Processo... Isso abraça uma proposta de universalidade de códigos, onde as operações sígnicas obtidas destroem o antes como afazer criativo e criam no presente “multiplicador” a possibilidade de novos gráficos de significações originais para além do código lingüístico.
Talvez seja possível afirmar a ambição e o encontro de uma nova rede comunicacional, onde informação e entendimento correm apartados de seu conteúdo objetual, e, a matriz lingüística cria operações de eminente contraste com as propostas de totalidade.
CAOS VISUAL-PUZZLE DE NOVOS ALFABETOS RESIGNIFICADOS.

Rogério Camara | dezembro de 2009